Poeta das Cinzas (Por
Jefferson Acácio)
Há quem diz que o poeta é uma ave lendária
Embora incendiado em autocombustão,
Renasce das próprias cinzas
Com a força da sua poesia é reerguido!
Embora incendiado em autocombustão,
Renasce das próprias cinzas
Com a força da sua poesia é reerguido!
A poesia é o seu bestiário iluminado
Onde todos os seres reais e fabulosos ganham vida
No mundo paralelo da imaginação
Entre a realidade, o supra-real – nenhuma ilusão!
Como a fênix em seu dramático ninho de fogo
E fantástico renascimento espiritual...
No virtuoso paraíso dos pensamentos - Está acima da extinção e do casual!
O mundo real foi coberto pela doença capitalista
Capitalizou almas, escureceu sonhos, destruiu a verdade
Subordinaram à existência comprada.
Mataram um poeta dando-lhe distração e penalidade!
Agora o poeta conhece os vermes da putrefação
Assim como você reconhece a morte através do outro que se foi.
Ou quando se desvia do animal em decomposição
Sabe o quanto a morte o incomoda, por isso faz oração!
Subordinaram à existência comprada.
Mataram um poeta dando-lhe distração e penalidade!
Agora o poeta conhece os vermes da putrefação
Assim como você reconhece a morte através do outro que se foi.
Ou quando se desvia do animal em decomposição
Sabe o quanto a morte o incomoda, por isso faz oração!
Um médico legista pode explicar
Em sua percepção da necropsia
Ao dedilhar os órgãos apodrecidos de um cadáver
Um homem padeceu... Quanta apavoração! Quanta maldade!
Em sua percepção da necropsia
Ao dedilhar os órgãos apodrecidos de um cadáver
Um homem padeceu... Quanta apavoração! Quanta maldade!
O corpo consume-se pelas bactérias anaeróbicas
Máscaras os protegem do odor pútrido de suas excreções
O corpo examinado, encontrado numa casa abandonada, é identificado
É o poeta das cinzas, e fotógrafos imortalizam a matéria incinerada!
Há quem diz que a abstinência da poesia causa crises convulsivas
Mas no meu caso, me transformei em fogo - hiperatividade de pensamentos!
Por longos anos os monstros do capitalismo roubaram minha inspiração
Algemas invisíveis impediram-me da escrita e cegaram minha convicção!
Máscaras os protegem do odor pútrido de suas excreções
O corpo examinado, encontrado numa casa abandonada, é identificado
É o poeta das cinzas, e fotógrafos imortalizam a matéria incinerada!
Há quem diz que a abstinência da poesia causa crises convulsivas
Mas no meu caso, me transformei em fogo - hiperatividade de pensamentos!
Por longos anos os monstros do capitalismo roubaram minha inspiração
Algemas invisíveis impediram-me da escrita e cegaram minha convicção!
Escravizado pela realidade pré-fabricada
Castigado e reprimido pelas horas não-vividas
Prostituindo seu talento por poucos trocados num semáforo!
Perdido no corredor do stress – facção terrorista que molesta toda a humanidade!
Castigado e reprimido pelas horas não-vividas
Prostituindo seu talento por poucos trocados num semáforo!
Perdido no corredor do stress – facção terrorista que molesta toda a humanidade!
O poeta deixou de escrever porque se informatizou
O poeta deixou de ser porque seu coração robotizou
O poeta deixou de viver porque o caos o aprisionou
O poeta deixou de amar, porque não se amou!
Então o sangue do poeta ferveu, inflamou correndo pelas veias
A pele quente expeliu chamas ardentes!
A queimadura aumentava sem que pudesse amenizar a dor
O coração feito brasa, ainda bateu agonizado – sangrou!
O poeta deixou de ser porque seu coração robotizou
O poeta deixou de viver porque o caos o aprisionou
O poeta deixou de amar, porque não se amou!
Então o sangue do poeta ferveu, inflamou correndo pelas veias
A pele quente expeliu chamas ardentes!
A queimadura aumentava sem que pudesse amenizar a dor
O coração feito brasa, ainda bateu agonizado – sangrou!
Somos produtos da dor – de um corpo cortado nascemos
Bisturis, curetas, agulhas, tesouras – somos torturados para nascer
Depois que o procedimento cirúrgico nos liberta, ainda tem a dor do viver!
E depois que morremos, ainda causamos dor aos que vivem!
O poeta nasce, cresce, reproduz poesia e morre
O poeta se cala, mas seus pensamentos deitam-se consigo.
O poeta não escapa da morte, porque é ritual de passagem
A morte é um xamã que alivia cafaléias e traumas!
Bisturis, curetas, agulhas, tesouras – somos torturados para nascer
Depois que o procedimento cirúrgico nos liberta, ainda tem a dor do viver!
E depois que morremos, ainda causamos dor aos que vivem!
O poeta nasce, cresce, reproduz poesia e morre
O poeta se cala, mas seus pensamentos deitam-se consigo.
O poeta não escapa da morte, porque é ritual de passagem
A morte é um xamã que alivia cafaléias e traumas!
Há quem diz que o poeta é apenas uma passagem...
Um portal por onde as poesias fazem conversas entre mundos.
Há quem diz que a poesia só existe quando o poeta sangra
A poesia só se eterniza quando o poeta morre!
Depois que se acabou ainda não se acabou...
Metabolização... Identificação... Notícia... Velório...
Quarta-feira de fevereiro, desmancho no deserto pueril das almas...
Espalham ao sopro sutil do vento – as cinzas de um poeta!
Um portal por onde as poesias fazem conversas entre mundos.
Há quem diz que a poesia só existe quando o poeta sangra
A poesia só se eterniza quando o poeta morre!
Depois que se acabou ainda não se acabou...
Metabolização... Identificação... Notícia... Velório...
Quarta-feira de fevereiro, desmancho no deserto pueril das almas...
Espalham ao sopro sutil do vento – as cinzas de um poeta!