Por Jefferson Acácio
Elas vêm correndo feito o balanço das gangorras
Correm soltas em direções paralelas
Avorassadas me abraçam tocando minhas costas
E puxam-me com força comprimindo dois corpos
Mãos abençoadas, santas mãos, beatificadas...
Trouxe para mim a energia da minha amada
E quando falo bobagem, elas rapidamente tocam minha boca
E minhas palavras voltam quietinhas pra garganta, soluçam e adormecem no peito
E meus lábios captam o tato de seus dedos quentinhos
Então me pede silêncio, pede minha tranqüilidade...
É quando suas mãos transmutam-se de santidade para sensualidade
Descem devagar escorrendo dos meus lábios, descem leves e suaves
São mãos enfermeiras...
Encontra no caminho traçado no meu corpo o destino na vertical
Avassaladoras, as mãos, magnéticos os lábios, frenética, a língua!
Ouço harpas e flautas, ouço suspiros e flutuo nas asas da minha hárpia!
Esses seres mitológicos sempre me enfeitiçam, ninfas, sereias, deusas gregas...
Eu viajo para orientes e ocidentes
Meu corpo grita e jorra alegria!
As mãos da minha majestade dançam bailarinas num sinal de adeus
Está muito longe para calar meus lábios...
Longe para por represas nos meus olhos...
Nenhuma arte é mais quente e verdadeira que o seu olhar,
Que seu corpo banhado do nosso suor...
Nenhuma arte resiste e nenhum poema se deitará nos seios d’outra mulher!
Minha ave de rapina partiu rápida no vôo
Despediu-se com mãos, lábios e línguas de vulcão