A rotina me amansou em doses de tarefas operacionais
Eu vivo mais nos carnavais! Doces dias infernais!
Meu paletó sempre passado, minhas meias sempre suadas!
Vivo amassado nos braços da amada! Em teus seios eu suo mais!
Meus dias eram sempre samba, festa e orgia
Sai da boemia e cai na rotina!
Sai da bagunça e cai na faxina!
Sai da alegria, cai na melancolia!
Rotina cretina e traiçoeira
É como uma serpente astuta
Mata suas presas por constrição
Asfixia, imobiliza e engole
Nas páginas do meu diário
Quase morriam as poesias asfixiadas
Poucas linhas ainda havia,
Páginas de compromissos lotadas!
Em poucas linhas escrevi um verso
Desdenhando sobre o dia sistemático
E reconheço que quase seriam as árvores em vão sacrificadas
Por pouco não teriam gerado o fruto-poesia em suas páginas pálidas
Por pouco também eu se esquecia do escritor
De alma vagabunda de ócios e muito amor
Jaz varejista e não mais artista em ofício
Por pouco poderia a poesia abandoná-lo por completo
Mas a poesia não nos abandona
Faça chuva ou faça sol, ela se encaixa
Amo as mais vagabundas e honestas
Que chegam despidas e desprovidas de rotinas!
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