quinta-feira, 14 de março de 2013

Ensaio sobre “Como amar um poeta”


Ensaio sobre “Como amar um poeta”
(Por Jefferson Acácio)

I - Fazer poesia e viver poesia

Poeta não é apenas àquele que produz letras num papel
Mas que tem o dom de inflamar quem as leem
Este artista vive a poesia como uma alma vivente
Que o acompanha como uma extensão da sua alma
O coração do poeta é um portal para materializá-la

Tudo acontece entre os neurotransmissores do cérebro
e o bombeador da vida que parece explodir a cada batida
E quando se fala em emoção, é com ele mesmo
O artista explícito, transgressor, impulsivo e insolente
Não é um artista de textos ensaiados...
Mas de sentimentos expressados da forma que mais impacta
Pensamos que poeta são aqueles que escrevem e recitam
Mas há outros espécimes, que se perfumam de poesias

II - Ah, o poeta, poeta...

Coração de vulcão, boca de lâmina, olhar de águia cheia de volúpias
Com poesias fazem feitiços, declarações, injúrias, confissões
Com poesias criticam, condenam, amaldiçoam e preveem futuros
Mas também fantasiam, agraciam e encantam como os sonhos bons
E mesmo assim, o poeta deveria ser proibido de amar

Todo poeta nasce com essa predestinação, uma maldição se séculos
O poeta ama e é amado extasiadamente...
Porém estradas misteriosas habitam a alma apaixonada de um poeta
Porque é fácil amar um poeta – quem não gostaria, ora essa?
Mas retribuir e compreender a vastidão de um amor incompreensível?
Para quem não tem a percepção desse amor, não deve se entregar

O poeta é encantador e transforma cada momento em cinema!
Viver entre a ficção e a realidade nem sempre é agradável
É um mundo em que toleramos por alguns momentos
Quando apreciamos uma boa música, filme...
Mas não para participar dos segundos da sua vida,
Apesar de que a realidade está em terrível depreciação-indivisível de você!
Bom ou ruim – é a realidade!
E passar muito tempo na fantasia não é recomendado pelos psiquiatras
Vai dizer isso para ele... E em três dias estará vestido de branco
Com os braços cruzados tomando mais pílulas da realidade!

De fato, só loucos vivem entre a fantasia e a realidade,
De fato, só os híbridos vivem entre o inferno e o paraíso...
Poucos são os humanos híbridos que transitam entre os dois mundos
Porque faz parte de seu dom decifrar o que não se vê superficialmente.

Mais que duas horas num mundo paralelo é capaz de atordoar alguém
Ninguém quer enxergar o mundo da maneira que ele ê
Aceitar está de bom tamanho e embriagar-se de estilos de vida...
Moda... Pensamentos filosóficos pré-moldados... distrações...
No mundo real poesia é o cocho que fingimos não ver
Mas ele esta ali, mancando de uma perna com roupas de trapiche
E nós o observamos com a visão bilateral – de quem vê o certo e o errado

III – Poetas também se machucam!

Ficção da realidade... Realidade inventada
Amar um poeta é encontrar-se nesses dois mundos
Ele vê o mesmo que você, porém ele aponta
E o próximo apontado, poderá ser você também!
E quando isso acontecer, não é ele quem diz!
Não é nesse mundo que se rabiscam os seus pensamentos!

Amar um poeta requer a habilidade de perceber onde ele está!
E não se assuste se ele esteve com Nerfetite, ou em Esparta
E pode acreditar ele esteve lá com certeza,
E digo-lhes mais e reconhece o perfume e sabor da vinha e da oliveira

A quem acredita que os poetas são místicos
E que o tamanho da sua sabedoria reflete sua força
E pelo contrario, eles se destroem a cada poesia
Assim como o corpo de uma mulher não suporta muitos partos!
Assim como muitas decepções na vida, nos adoece pelos tempos!
O poeta tem tudo disso, e pior, em dobro!
Ora vejam, já não tem o livre arbítrio, pois as poesias os governam.
Boca, pele, olhos, olfato, paladar e o sexto sentido
Quando amam, as poesias intensificam os sentidos
Se odeiam algo, então as poesias não deixam nada escapar de sua lâmina!
Tudo no poeta tem o custo do que sente – o prazer regado ao castigo!
Para que ele tenha a percepção das duas coisas!
Como são doces e como amargam... Como curam e como ferem
É o seu estigma espiritual. E por isso, para o próprio bem do poeta...
Deveria ser proibido de amar!

IV – Quando o poeta ama...
A verdade é... Quem merece a cortesia de um poeta?
Um beijo é a chave para sonhos com dragões e castelos
Um gesto é como mil frases compiladas nos ensaios de shakespeare
Uma decepção é o épico das tragédias gregas
Um dia são eternidades sonhadas
Um desejo é engendrado, degustado e ganham as páginas do eterno
O corpo de um poeta é tão quente quanto os pensamentos
Quem teria coragem de se entregar à alguém
que se joga de um penhasco todos os dias?
Quem se ousaria a amar alguém
que se declara amante da poesia e das palavras
e ainda as chama de prostitutas das noites?

Quem se habilitaria a viver ao lado de alguém
que habita em lugar nenhum, pois sua morada
é entre a fantasia e a realidade?

O poeta te observa de um modo que te incomoda
Pesquisa sobre você na filosofia, psicologia...
Coleta cada movimento seu para eternizar tua personalidade
na transparência das escrituras...

Quem tem a coragem de dormir ao lado de alguém
que diz que as poesias são o exorcismo dos pensamentos contidos em sua alma!
O amor de um poeta é inalienável e indivisível de sua arte!
Amar um poeta é fazer viagens nos seus mundos paralelos.
Sim, ele não vive num só mundo, e sim, no limite dos contrastes

Um poeta precisa de oásis mágicos no deserto d’alma
Destruir o amor é roubar-lhes a conexão entre os mundos!
É confundi-lo de que deve afastar da poesia que o alimenta
É fazê-lo provar do gosto azedo da vida-real.
É desmanchar seus castelos e entregá-los aos dragões!


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