Por Jefferson Acácio
De frente pra parede
Azulejos amarelados ajustados
E eu ajoelhado em penitência
O chão molhado de pecado
Do corpo escorre o suor pro piso esverdeado
Na ponta do nariz encontro-me com o limite
O muro na minha testa se faz de fronteira
Sinto um abraço desse muro de tinta azul e madeira
Uma força de cimento e areia envolvendo meu corpo
Aqui me conforto das convenções sociais
Dos desesperos e desilusões de cada dia
Esta casa, esta parede, este chão amigo... minha covardia
Emparedado caminho pelas ruas sem nome
Eu de frente pra porta fechada
Reflexo de um espelho no próprio espelho
Um rosto estranho desgastado, com fome
Lá fora uma euforia de futebol e carnaval
A janela aberta e eu preso no quarto
Sinto a culpa social imobilizar minha fuga
Aqui dentro um velório descomunal
A pia e a água no rosto desculpam-se por mim
Somente para amenizar os arrependimentos
Quanta história e progressos jogados pelo ralo
Sigo as sobras na correnteza da descarga, lindo estrago!
Esqueço as horas no silêncio desperdiçado
Lágrimas secas, vidro embaçado
A torneira pingando e o chuveiro ligado
A porta trancada por dentro e o choro bloqueado
Saliva entalada na garganta
Meu país, onde está a minha liberdade?
Santo Cristo Redentor, onde está a verdadeira verdade?
Meus pais, onde está a nossa felicidade?
Seria bom se fóssemos os "melhores" do mundo nisso!! Se o povo brasileiro tivesse tanta vontade política quanto tem de gritar, espernear a cada quatro anos numa copa do mundo, não estaríamos onde estamos hoje!
ResponderExcluirConcordo plenamente!
ResponderExcluirQue lindo!!! Adorei...saudades de vc...
ResponderExcluirBjuxxx
Muito legal!
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