domingo, 11 de abril de 2010

Arrependimento Mata?

Por Jefferson Acácio

O teu “não” desencadeou meus passos amedrontados para o asfalto
Sem cuidado invadi o trânsito que parou contra meu delito.
Enfurecido, continuaram as pernas na desordem e no perigo
Desmontando-me entrei no meu carro.
Retrovisor quebrado.
Peguei a chave, sem controle, encarei o volante.

Não era dia chuvoso mais liguei o pára-brisa.
Não era noite, mas acionei os faróis.
Carro e lágrimas em alta velocidade
Não estava embriagado, mas via tudo girar.

O “não” martelava na cabeça e eu mastigava-o na boca.
Ele era o fonema, meu combustível infinito fugindo da garganta aos soluços.
Eu seguia somente a sinalização na pista
E uma idéia fixa de delinqüente, dirigindo na contramão.
Sem freios cruzando as esquinas e bairros sem nome.
E na curva à direita não enxerguei as placas
O susto!...Outro carro!... E meu grito desesperado:
- Não!

Esse foi o pesadelo de uma noite perturbada
Quando o teu não me pareceu uma faca afiada
Ao acordar assustado, estava você ainda ao meu lado
Dizendo-me um “Sim” atrasado, constrangido
Então veio na minha cabeça uma pergunta
Que só a mim fazia sentido:
- Arrependimento mata?

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