segunda-feira, 19 de novembro de 2012

Viver ao Quadrado



O tempo passa rápido demais. Tão rápido que algumas memórias de coisas que vivemos normalmente ficam borradas como uma fotografia. Algumas coisas ficam em primeiro plano na memória e outras simplesmente quase não se define o que vê. Então eu lembrei de quando eu era parecido com um indiozinho barrigudo andando nu da cintura pra cima, e os vizinhos de brincadeira caçoavam de que iriam tirar a minha avó de mim, só pra me ouvirem gritar bem forte - "Eu vou chamar a polícia viu. Polícia!!!" Todos se acabavam de rir disso. Como também quando meu pai chegava do trabalho e eu ficava tão feliz e desastrado que derrubava a comida, jogava o prato pra cima e sujava tudo. Eu tinha 5 anos. Lembro que em poucos anos depois moramos numa outra casa, e minha mãe me levava todos os dia pra escola segurando minhã mão, me dizendo sonhos de coisas que ainda não entendia que pudesse acontecer. Acho que ela dizia "Você vai ser doutô". Na escola minha primeira professora se chamava D. Cremilda. Eu era o mais querido dela rs. Eu brincava com todo mundo e sempre que aparecia 1 ou outro pra me machucar, apareciam um exercito para me proteger, e quando chegava à secretária eu servia de exemplo de boa conduta. Sempre assim, amigos por perto cuidando e zelando. Eu cuidando e zelando dos amigos. Meu primeiro desenho que ficou mais decifrável foi um gigante! Engraçado que tenho um memória mais detalhada da infância que da pré-adolescência. Lembro da primeira namorada, que foi um problema pra mim, porque levantou muita inveja e ira, mas ali estava eu de novo pronto pra me defender e defender meu amor como se fosse a unica e eterna. (E escondido eu pensava baixinho, aí vou casar, ter uma familia e ser mais ainda feliz, continuo pensando nisso até hoje em moldes mais modernos mas é ainda meu sonho, viver ao quadrado - entende com nosso amor ao lado vivemos duas vezes! rs).. Pensei que fosse casar com ela. Nas brigas nem sempre eu ficava sozinho, sempre algum amigo entrava pra intimidar "Não meche no meu amigo não. Se bater nele eu te boto um soco na cara!". Eu não sei de onde vinham essas defesas, sempre apareciam e eu nem era de grupo, somente falava com todo mundo o suficiente. Mas nada de contato, sair pra jogar, fazer dever de casa junto, nada disso. Só conversas rápidas na hora do lanche ou na concentração pro canto do Hino Nacional. E por assim em diante, no ginásio, continuei do mesmo jeito, querido pelos amigos, professores, orgulho da diretora, e alguns poucos inimigos. Nessa época eu estava comunicativo, mas ainda cheio de timidez. Agora sim eu poderia entender reações de amizade e carinho porque eu mantive esse contato. Participei de tudo na escola, principalmente durante o grêmio escolar. Nesse tempo descobri o teatro, o inglês, capoeira, turismo, trabalho. Tempo de expandir, fazer os primeiros voos do ninho, os primeiros preparos pra vida que minha mãe garantia que eu teria, desde criança. E eu cresci repetindo isso, e até mesmo descrevendo "Mãe, eu vou ser um gigante, grandãooo assim, aí todo mundo vai me ver, e vou falar de você pra todo mundo, da vó, do pai, viu...É verdade mamãe, eu vou ser um gigante". E meu pai ainda completava, "Você pode tudo nessa vida viu Gê (meu apelido de família). Você pode tudo porque você é o menino de ouro do papai".. E minha mãe concordava rindo "Menino de ouro"...E com isso, conquistei vários postos de trabalhos, graduações, conclusões de cursos, cerificados de destaques, prêmios de mérito, mais amigos, mais amigos, mais aventuras, mais viver, viver, viver.... E de repente Estou aqui em Salvador, e de repente, dois anos já se passaram, estou a 19 anos distante dos meus 5 anos e ainda sinto aquele menino indo pra escola todo feliz como se fosse a melhor aventura da vida, com a merendeira na mão, desenhando o gigante, defendendo os amigos, a familia, e defendido pelos amigos e familia. E ainda peço pro pai e pra mãe me chamar pelo titulo de novo, e ainda hoje eles repetem "menino de ouro".. No mesmo segundo meus olhos se tornam um riacho como agora. ...
Claro que tem muitos outras lembranças escondidas aí, primeiro quase afogamento, primeiro vez de biscicleta, "a primeira vez", o primeiro amor, os aprendizados de novos amores e dos amores dos outros, as primeiras poesias, primeiras declamações... As vezes tudo passa, as vezes nao fica nada em nossas mãos, nem uma fotografia rasgada... e o O tempo ainda dilui as lembranças não é? Mas que bom, que tenho poucas lembranças apagadas ou borradas.. sabe porque?Faço diferente com a vida! As memorias apagam toda vez que não estampamos em nossos segundos do VIVER a nossa marca do CONSTRUIR. Mas eu estampo, pinto, experimento, VIVO!! Tudo tem que ser bem mastigadamente vivido, deliberadamente, por cada fração indivisível de tempo. Preserve o que sente, o que gosta, busque o quer, quem te quer, o que quer... Mas não viva simplesmente um dia atrás do outro! 2012 é só um numero. EXERCITE VIVER OS SEGUNDOS AGORA!

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