sábado, 26 de março de 2011

Coisa de Carnaval

 Por Jefferson Acácio

* Inspirado na minha crônica "Cédulas, Amores e Abísmos"


Meia volta olhinhos de gude
Preste bem atenção
Foi através da minha oração
Engendrada aqui dentro
Desse meu coração vazio
Foi com essa oração
Pronunciada em alta voz
Em meio àquele carnaval
Onde nos conhecemos e nos perdemos de vista
Foi através dessa oração
Que acreditei com a força pelo qual as pessoas gritavam
- É CARNAVAL
Foi com essa oração de esperança em rever-te
Em desprezo à toda alegria ao redor
Foi essa oração que me manteve obstinado
Em achar-te em meio à massa de foliões
Oração que derrubou as muralhas do meu orgulho
Do qual pude varrer toda a avenida com os olhos
Enxergando através das pessoas
E incansavelmente procurar-te
Foi essa oração que guiou seus passos
Intrépidos de quem o álcool estava quase no domínio
Foi essa oração que nos reuniu e pude confirmar
Logo no primeiro beijo que “É paixão”
Mas veja bem olhos de gude...
Pare de deixar um aberto e outro fechado
Fazendo esse biquinho de papagaio danado
Conheço bem esse sorrido sádico e safado
Procurando me distrair com seu jeito engraçado
Mordendo os lábios, me convidando ao perigo
Para que eu caio de vez no abismo dos seus encantos
Pare! Tem amarras no seu coração que tirado à pressas
Causaria dores irreparáveis!
O teu peito respira uma liberdade inventada de prazeres
Então olhinhos de gude
Não me encante
Não comece o que não pode continuar
Vou agora fazer outra oração que é para te afastar!
Vou pedir que água transcorra no meu peito oco e vazio
Transbordando de mim todo o seu encantamento
Que me causou arrepio
E tudo vai ser transbordado pelos meus olhos
E vai se embora rio abaixo carregando-lhe na correnteza
E vai se embora, vá depressa que já vem a doce lembrança
De um Carnaval que um dia quem sabe
Iremos pular!

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